quinta-feira, 14 de março de 2019

A visita do Chicão


Essa história até parece mentira, mas não é não, viu? Aconteceu de verdade. E foi uma aventura sem igual. Na verdade, foi a maior confusão no meu prédio e na minha casa, isso sim! Mas, deixa eu começar logo a história que aí vocês vão entender tudo direitinho.

Eu tenho dois primos que moram no interior, o Antonio e o João. No fim do ano passado, eles e os meus tios vieram passar o Natal e o Ano Novo na minha casa. Eu não via a hora deles chegarem, pois depois que eles pegaram um saci e colocaram numa garrafa na minha frente, eu precisava fazer uma coisa bem legal pra eles também. Já era véspera de Natal e nada deles chegarem.

-Eles estão demorando, né mãe?
-Deve ser o trânsito na estrada, filha. Nessa época, muitas pessoas vão viajar.

Eu me sentei no sofá já impaciente. Não demorou muito e tocou a campainha.

-Eles chegaram, mamãe! Eles chegaram!

Minha mãe foi e abriu a porta, era só minha tia.
-Cadê os primos? Perguntei

Ela nem me respondeu. Mas, foi só ela entrar pela porta do meu apartamento pra eu lembrar de toda aquela chateação.

-Como você cresceu, hein Helena? – Disse a minha tia já apertando a minha bochecha.
-Onde estão os primos, tia? Perguntei, já aflita.

Minha mãe tratou logo de acomodar a minha tia no sofá, pois ela parecia um pouco cansada da viagem.

-Você pode me ver um pouco d’água? Pediu a minha tia para minha mãe?
-Claro que sim! – Disse a minha mãe já saindo em direção a cozinha para buscar a água.

E eu ali, aflita por não ver os meus primos.

-Feche a porta, Helena! – Gritou a minha mãe da cozinha.
-Mas, tia, cadê os primos?
-Eles já estão subindo, Helena. É que eles ficaram para ajudar o tio a trazer aqui pra cima, o Chicão.

Caí de costas no sofá na mesma hora. Não acreditava no que tinha acabado de ouvir. O sofá fez uma barulhão que levei até uma bronca.

- Para de pular no sofá, Helena! – Gritou a minha mãe lá da cozinha.

Mas eu não tinha pulado no sofá, eu tinha caído de susto com o quê a minha a tia tinha acabado de me falar.

- Vocês trouxeram o Chicão?
- Claro! Você acha que a gente ia passar essas festas aqui no bem bão e deixar o Chicão sozinho lá no sítio?

Coloquei a mão na cabeça e disse:

- Isso não vai dar certo!

Minha mãe voltou pra sala trazendo a água pra tia, na mesma hora tocou a campainha.

-Atende a porta, Helena. – Falou a minha mãe já engatando uma conversa bem animada com a minha tia.

Fui lá, abri a porta e, assim que o tio entrou, carregando as malas, não deu outra. Lá foi ele apertar a minha bochecha.

- Como você cresceu, hein Helena?
- Mas, cadê os primos? – Perguntei mais aflita ainda.
- Eles estão vindo de escada.

E foi logo sentar ao lado da minha tia. Tirou o copo de água da mão dela e bebeu num gole só, o resto de água que ainda tinha no copo!

- Como estão os preparativos, hein minha irmã? Perguntou meu tio para minha mãe.
- Já tá tudo quase pronto. Só falta terminar de preparar a ceia. – Disse a minha mãe.

Enquanto eles conversavam, eu fiquei parada na porta para tentar impedir que os primos entrassem com o Chicão pelo meio da sala. Minha mãe não ia gostar nadinha de ver um porco enorme andando em cima do tapete novo dela.

Isso mesmo, Chicão é o nome de um porco enorme que meus tios criam lá no sítio. Pros primos terem vindo de escada, o Chicão deve ter dobrado de tamanho.

De repente, veio um grito lá da escadaria debaixo.

- Socorro!!! Tem um porco solto na escadaria.

Era a voz de Dona Benedita, a síndica do prédio assustada com o Chicão que tinha se soltado dos primos e vinha subindo a escada assustado.

Com o grito, minha mãe e os tios também saíram na porta pra ver o que estava acontecendo. Bem nessa hora, o Chicão apareceu na ponta da escada e ao ver os tios, correu direto na direção deles. Os primos chegaram logo atrás, exausto.

Minha mãe quando viu aquele porco indo na sua direção só teve tempo de dá um grito e cair desmaiada no chão.

Quando a minha acordou, a confusão tava formada. A Dona Benedita estava gritando na porta da nossa casa. Os tios e os primos com o Chicão no meio da sala. E a festa de Natal acabou antes mesmo de começar.

- Esse porco não vai ficar aqui dentro de jeito nenhum. – Disse a minha mãe muito brava.
- Se a família não pode ficar unida, a gente vai tudo embora agora – Disse meu tio.

Eles consideram o Chicão da família. E não deu outra. Os tios e os primos passaram a mão nas malas, pegaram o Chicão e foram embora. Até tentei convencer a mamãe.

- Deixa o Chicão ficar, mamãe!

Mamãe não quis saber. E as aventuras que eu tinha planejado em viver com os primos acabaram ali, na visita do Chicão.

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