Hoje
me lembrei de uma aventura bem legal que tivemos, eu, a Joana e o
Paulinho. Mas essa foi uma aventura de
verdade. Nós ajudamos um indiozinho a salvar os bichos da floresta das mãos de
uns caçadores bem malvados. Vou contar direitinho como tudo aconteceu.
Eu,
meu pai, minha mãe, a Joana e o Paulinho fomos passar o fim de semana no sítio
de um a amigo do meu pai. Era um lugar bem no meio do mato. Não tinha luz. A
noite, a luz vinha de um negócio chamado lampião que fica pendurado nas
paredes. Todo lugar tinha um daquele para clarear, porque era muito escuro.
A
primeira noite foi muito chato, meu pai e os amigos jogando carta, minha mão
lendo deitada da rede e eu, a Joana e Paulinho, sem ter o quê fazer. O amigo do
meu pai contava um monte de história, dizia que tinha até onça que andava pelo
meio daqueles matos e que tinha uma aldeia de índios que morava em uma tribo
depois do rio que cortava o sítio dele.
-
Então, meninas: Vamos visitar os índios amanhã? Disse o Paulinho.
-
Vamos!
-
Não é perigoso, Helena? E se a gente ver uma onça, Paulinho?
-
Deixar de ser medrosa, Joana. Disse o Paulinho.
Aquilo
ali está bem chato e não tinha como não concordar com o Paulinho. Se a gente
não fizesse nada, aquele fim de semana seria um tédio.
Um
olhou para o outro e saímos correndo para dormir. A gente precisava acordar
antes de todo mundo para ninguém ver a gente, senão, duvido que a minha mãe ia
deixar a gente ir ver os índios.
No
dia seguinte saímos bem devagarzinho para que ninguém escutasse a gente.
-
Vou levar esse facão, disse o Paulinho.
-
E você sabe usar isso? Falei isso?
-
Acho melhor a gente não ir sozinho.
-
Se você não quiser, pode ficar, Joana?
-
Vamos, Joana, vai ser legal!
Saímos
pelos fundos da casa, atravessamos o galinheiro e escorregamos um barranco para
chegar até o rio que passava no fundo do sítio. Só que enfrentamos o primeiro
problema. Não tinha ponte para atravessar o rio. O Paulinho tentou achar uns
pedaços de galhos para fazer uma ponte, mas só achava galhos pequeninhos.
De
repente eu escutei um assobio. Olhei para o Paulinho, olhei para a Joana. Eles
também tinham ouvidos, mas não vimos ninguém. A Joana, medroso como ela é, já
queria voltar pra casa. Não demorou muito e, um assobio de novo. Foi então que
a Joana viu do outro lado do rio, um indiozinho.
-
Ei, como a gente faz para atravessar o rio? Perguntou o Paulinho
O
indiozinho ficava dando risada pra gente.
-
Ei, como a gente faz para atravessar o rio? Perguntou de novo o Paulinho.
-
A gente quer atravessar. Falei para ele.
Ele
riu de novo e sumiu no meio do mato.
-
Acho melhor a gente voltar pra casa. Disse a Joana.
-
Também to achando melhor, Paulinho.
-
Que nada! Vamos atrás daquele indiozinho.
A
gente queria, mas como a gente ia atravessar para o outro lado do rio? Foi
quando a gente viu o indizinho em uma canoa. Ele tinha vindo buscar a gente.
Subimos
na canoa na mesma hora que a gente viu dois homens do outro lado do rio,
preparando uma armadilha para pegar algum bicho.
Eu
ia até gritar, mas o Paulinho colocou a mão na minha boca e o indiozinho fez
sinal de silêncio. Ele levou a canoa bem devagar para o outro lado para que os
homens não vissem a gente.
A
gente desceu e logo vimos os dois homens numa barraca e um monte de bicho
presos em gaiolas. Tinha passarinho, tinha coruja, tinha tatu, tinha até uma
tartaruga, que o indiozinho falou que era um jabuti. Aqueles homens estão
caçando os bichos da floresta.
-
Vocês ajuda Curumim? Homem branco roubando bicho da floresta. Disse o
indiozinho.
Curumim
falou o que a gente precisava ouvir. Paulinho pegou o estilingue que tinha no
bolso e atacou uma pedra da cabeça de um dos homens. O indiozinho começou a
fazer o som de um monte de bicho para distrair os homens, aí, eu e a Joana
fomos até as gaiolas e soltamos todos os bichos.
Só
que os homens viram a gente e começaram a dar um monte de tiro para cima. O
indiozinho se escondeu no mato e o Paulinho atrás de uma árvore. Eu e a Joana,
bem... Aqueles homens malvados pegaram a gente. Amarraram uma de costa para
outro e saíram atrás do Paulinho e do indiozinho.
A
Joana já tava chorando, quando o indiozinho saiu do mato com dois índios
grandões e soltaram a gente. Só então o Paulinho saiu da árvore. Diz que é
cheio de coragem, mas e mais medroso que a Joana.
Como
a gente conseguiu ajudar o indiozinho a soltar os bichos da gaiola, os índios
grandões ficaram muito felizes com a gente, nos levaram para conhecer a aldeia
onde eles moravam, deram um monte de colar pra gente e depois ainda levaram a
gente pro sitio do amigo do meu pai.
Foi
muito legal conhecer um indiozinho, ajudar ele a soltar os bichos das gaiolas e
ainda conhecer uma aldeia de verdade. Os homens? A gente não viu mais, mas
espero que os índios grandões tenham dado uma boa lição neles.
Sabe
de uma coisa? Faz tempo que meu pai não vai para o sítio do amigo dele. Acho
que vou pedir para ele me levar de novo. Quem sabe não encontro de novo o meu
amigo Curumim?