quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

O gênio da lâmpada


Gente, essa história eu tinha que contar pra vocês. Uma história que nem aquelas dos livros, e de verdade! Eu sei que tem gente que vai achar que foi tudo mentira, mas eu juro que aconteceu tudo isso mesmo. Assim, do jeito que eu vou contar pra vocês.

Na semana passada, eu, a Joana, o Paulinho e Talita, fomos da praia com a mãe da Joana. Uma praia um pouco longe de casa, nem tinha muita gente por lá. O Paulinho como sempre, chutava aquela bola dela sobre os nossos castelinhos de areia.

- Você é muito chato, Paulinho! Falou a Talita
- Deixa a gente, vai Paulinho. Disse a Joana

A Talita, que é esquentada, jogou logo um monte de areia no Paulinho quanto ele desmanchou o castelinho que ela estava fazendo. Eu e a Joana que tivemos que separar, senão eles iam brigar de verdade.

Talita, com raiva, foi sentar lá na beira d’água, tava com uma tromba desse tamanho. O Paulinho foi pra a água levando a sua bola. Também depois da bronca que a mãe da Joana deu em todo mundo, cada um quis ficar quieto no seu canto.

- Vem brincar com a gente, Talita! Disse a Joana
- Deixa, Joana, se ela não quer vir, deixa ela lá!
- A Talita é muito esquentada.
- E o Paulinho também só sabe provocar.

Continuei com a Joana a fazer os nossos castelinhos, de repente, a gente olhou para o mar, na frente da Talita surgiu uma fumaça que foi crescendo, crescendo, crescendo, que nem dava mais para ver o mar. Sai correndo para água. Ninguém enxergava nada.

Quando a gente chegou aonde a Talita tava, tomou um grande susto. A fumaça não parava de sair de dentro de uma garrafa que a Talita achou enterrada na areia.

- Que isso, Talita?
- Não sei, Helena! Eu tava cavando aqui, de repente achei essa garrafa, comecei a esfregar, esfregar, ai começou a sair uma fumaça que não para.

O Paulinho, que também viu a fumaça lá da água, veio de pressa para ver o que era.

- Que fumaça é aquela?
- Tá saindo daquela garrafa que a Talita achou na areia. Disse a Joana.
- Será que o gênio da lâmpada? Vibrou o Paulinho.
- Que gênio da lâmpada! Só um cabeça oca que nem o Paulinho para achar que é um gênio da lâmpada.
Não demorou e a Talita e o Paulinho já estava se provocando. Toda vez é assim. Nunca vi gente pra brigar tanto um com outro como a Talita e o Paulinho.

Enquanto os dois ficavam se provocando, a fumaça baixou e na nossa frente apareceu um homem alto, magro, com um turbante na cabeça, uma calça de palhaço e uma camisa sem manga. Tinha uma voz de trovão.

- Quem foi que me libertou?

A gente olhou um para o outro, a Joana, como sempre, queria sair correndo, mas eu segurei ela.

- Olha aí, não falei? É um gênio da lâmpada.
- Você é mesmo um gênio da lâmpada? Perguntei para ele.
- Se ele é um gênio que tem direito a fazer os pedidos sou eu. Gritou a Talita.
- Ei, vamos deixar o moço falar. Disse a Joana.

E não era que aquele homem era mesmo um gênio? Só que não tava em nenhuma lâmpada, tava era numa garrafa bem velha, viu? A Talita já foi logo empurrando todo mundo para fazer os pedidos para o gênio.

- Fui que tirei o senhor da garrafa, fui eu! Disse a Talita.
- A ama tem direito a três pedidos. Mas só a três pedidos e nada mais.
- E agora, nós somos quatro! Eu falei.

Mas quem disse que a Talita estava pensando na gente. Ela acabou é nos arrumando foi muita confusão, isso sim.

- Pede sorvete, Talita! Um monte! Disse o Paulinho.
- Senhor gênio, eu quero... Eu quero... Eu quero....
- Pede logo o sorvete, Talita! Repetiu o Paulinho.
- Eu quero que o senhor gênio suma com esse menino chato!

Puft! O gênio estalou o dedo e o Paulinho sumiu na nossa frente.

- Pronto, um a menos para dividir os pedidos. Disse a Talita.
- Caramba, o Paulinho sumiu! Disse a Joana.
- Por que você fez isso, Talita!
- Aquele menino é muito chato.
- Eu quero o meu primo de volta. Disse a Joana.

E o gênio repetiu para Talita.

- Minha ama tem mais dois pedidos.
- Pede para o gênio trazer meu primo de volta.

Que nada, a Talita tava lá se sentindo a poderosa, e pediu para o gênio um monte de sorvete. Mas a gente não queria saber de sorvete. A gente queria o Paulinho de volta. A Talita, nem aí. Sentou e começou a tomar os sorvetes todos.

O pior foi quando a mãe da Joana chamou a gente para ir embora. Eu olhei pra Joana, a Joana olhou pra mim. A gente ficou paralisada.

- Joana, manda o Paulinho sair da água! Pediu a mãe da Joana.

Como a gente ia fazer isso, se o gênio tinha sumido com o Paulinho. Foi então que a gente foi conversar com o gênio para ele trazer o Paulinho de volta. Mas quem disse que o gênio escutava a gente. Parecia surdo. Fica ali, no lado da Talita, abanando ela com uma pena grande.

- Aonde esse gênio arrumou essa pena? Fiquei eu pensando.

A gente pedia para Talita pedir par o gênio devolver o Paulinho e ela nem aí, enquanto não acabou com todo o sorvete que pediu, ela nem olhou pra gente.

- Joana! Helena! Talita! Paulinho! Chamou a mãe da Joana.
- Olha aí, Talita, minha mãe ta chamada a gente pra ir embora.
- Pede para esse gênio trazer o Paulinho.
- Tudo bem! Mas vocês vão ter de pedir para ele namorar comigo.

Eu e a Joana olhamos uma para outra e não entendemos nada. Acho que muito sorvete congelou o cérebro da Talita. Os dois vivem brigando. Mas, se é só isso que ela quer para trazer o Paulinho de volta! Só que eu duvido que o Paulinho vai querer namorar com Talita. Duvido! Mas a gente deu a nossa palavra e então a Talita pediu ao gênio que, com estalar de dedos, trouxe o Paulinho de volta.

Depois que o Paulinho apareceu, surgiu uma fumaça que foi aumentando, aumentando, aumentando, e, de repente, sumiu, junto com gênio. Corri para ver se achava a garrafa para fazer os meus pedidos, mas que nada, o mar já tinha levado a garrafa embora.

Já o Paulinho e a Talita, estão namorando sim, ninguém sabe disso, mas eles não param de brigar nenhum instante. Eles devem se gostar mesmo, de verdade, pois minha mãe falou que quanto mais a pessoa briga, mais a pessoa gosta. E eu acho que isso é verdade, viu? Porque minha mãe gosta tanto de mim, que briga comigo a todo o momento. “Helena, arruma o quarto!”... Helena, vai escovar os dentes!”... “Helena, vou te deixar de castigo!”... Eu amo muito a minha mãe.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

A experiência


Sabe gente, hoje e vou contar mais uma aventura que tive com a Joana e com o Paulinho. Sempre que vou atrás das aventuras do Paulinho, acontece alguma coisa que eu acabo me dando mal. Vou contar tudo direitinho pra vocês.

Eu fui com a Joana e o Paulinho na casa da vó deles, a Dona Gigi, chegando lá. Todos nós corremos lá para o quintal que tem atrás da casa da avó da Joana e do Paulinho. Lá é cheio de árvores! Tem pé de goiaba, tem pé de carambola, pé de pitanga, tem até um pé de manga bem grande. No fundo do quintal, ainda tem um galinheiro.

Pois, bem, foi justamente neste galinheiro que tudo aconteceu. Não foi bem dentro, foi e não foi, mas foi com os bichos que estavam no galinheiro.

- Joana! Helena! Chama aquele galo lá!

Paulinho queria que a gente ficasse provocando o galo que tem no galinheiro, para que ele pudesse entrar dentro do galinheiro. Ele disse que fazia parte da experiência que ele ia nos ensinar.

O galo era muito bravo, era só a gente colocar as mãos na grade do galinheiro, que ele vinha todo bravo tentar bicar os nossos dedos que estavam pendurados nas grades do galinheiro.

De tanto que a gente ficou provocando o galo, acho que ele acabou cansando, pois deixou a gente, subiu no poleiro do galinheiro e fechou os olhos. Acho até que ele dormiu! É claro, devia estar com sono mesmo, acorda todo dia muito cedo só pra cantar pra acordar as pessoas! Não é mesmo?

Então, voltando a nossa aventura. O Paulinho aproveitou que o galo subiu no poleiro e fechou os olhos e entrou bem devagarinho no galinheiro e pegou um pintinho, todo amarelinho. Mas com a gritaria que o pintinho fez, o galo pulou do poleiro e saiu correndo atrás do Paulinho, que escapou por pouco.

- Ufa! Quase que o galo me pega!
- É mesmo, Paulinho!
- Queria ver se ele te bicasse!
- Mas não me bicou! Agora, vem. Vou mostrar pra vocês.

Com o pintinho em uma mão, o Paulinho foi, pegou um balde vazio, encheu de água e pegou um vidro de tinta do bolso do short e começou a explicar a experiência:

- Joana, Helena, presta atenção! Aprendi essa experiência na aula de ciência. Achei bem legal. É só a gente misturar a tinta desse potinho com a água e depois mergulhar o pintinho dentro do balde que as penas dele vão mudar de cor.

- Mas você aprendeu isso na escola?
- Com pintinho?
- Claro que não! Na escola a professora fez a experiência com uma flor branca. A gente cortou o caule da flor e mergulhou no pote, a flor que era branca, mudou de cor, então, eu pensei: Será que dá certo com o pintinho?

Mas eu não podia deixar que o Paulinho fizesse aquela maldade com o pintinho. Nem a Joana!

- Se vocês não quiserem, eu faço sozinho!

O Paulinho começou a misturar a tinta com a água, mas quando ele ia colocar o pintinho dentro do balde, eu pisquei pra Joana, que deu um chute no balde que virou e derrubou a tinta toda em cima do chinelo dele, com isso, ele soltou o pintinho, então eu peguei o pintinho e corri pra dentro do galinheiro.

Foi só depois que entrei no galinheiro, que eu me lembrei do galo. Quando tentei sair, o galo já estava na porta do galinheiro.

- Me ajuda, Joana!

Só que o Paulinho, de raiva da gente, segurou a Joana e não deixou ela me ajudar. Corri, corri para o galo não me pegar, mas acabei tropeçando numa pedra e cai no chão. Foi aí que o galo me pegou de me encheu de bicadas. Se não fosse a mãe da Joana me ajudar, acho que estava até agora levando bicadas daquele galo.

Mas a culpa é minha mesmo, eu sempre acabo me dando mal quando o Paulinho inventa alguma aventura. Já falei com a Joana, que não vou mais brincar com o Paulinho, não vou!

- Você sempre di isso, Helena!
- Mas agora é pra valer.

E não é que o Paulinho não desiste.

- Helena, que tal a gente procurar bichinhos dentro das goiabas?

E eu, que estava chorando de tanta bicada que levei, olhei para a Joana e caímos na gargalhada. E, depois, é claro, fomos ajudar o Paulinho a procurar bichinhos dentro das goiabas.

Mas, depois eu conto que fim teve essa nossa aventura com as goiabas.

sábado, 9 de fevereiro de 2019

O amor caiu do céu!


Oi gente, hoje vou contar pra vocês uma aventura apaixonante. Vocês podem até achar que estou inventando isso, mas a Joana, o Paulinho e a Talita estão aí de prova pra dizer que tudo isso aconteceu de verdade. Vou contar pra vocês como tudo começou:

Eu, a Joana, o Paulinho e a Talita marcamos de fazer um piquenique lá no terreno do seu Zé da farmácia, eu e a Joana chegamos primeiro e abrimos a toalha bem embaixo da caramboleira, que é a maior árvore que tem no terreno do seu Zé, quando de repente: - Tibum! Caiu alguma coisa do céu do outro lado da árvore. Vocês não imaginam o que foi que caiu.

- Um anjo, Joana!
- Um anjo caiu do céu, Helena!

Eu a Joana corremos pra ajudá-lo. Ele ainda está meio tonto, tentou voar de novo, mas não conseguiu. Tinha quebrando uma de suas asas.

- Droga, quebrou a minha asa! E agora?

Eu olhei pra Joana, a Joana olhou pra mim.

- Você é um anjo de verdade! Falamos a duas juntas.
- Sou o Eros, o anjo do amor!
- Eros? Perguntou a Joana.
- Cúpido! Você é o cúpido?

Tinha visto num livro na escola sobre as lendas gregas que Eros era o nome do cúpido. Aquele que fica atirando flechas pra todo mundo ficar apaixonado um pelo o outro. E não era que era ele mesmo? O amor tinha caindo do céu, bem ali no meio do nosso piquenique e tinha quebrado uma das asas.

- Será que vocês podem me ajudar a consertar a minha asa? Tenho muito amor para distribuir pelo mundo e não posso ficar aqui parado muito tempo.

Eu olhei para a Joana, a Joana olhou pra mim.

- Eu não acredito! Falamos as duas juntas.
- Vocês podem ou não podem me ajudar a consertar a minha asa?

Como a gente não ia ajudar o amor? Então foi que lembrei que a avó da Joana podia fazer uma asa novinha para o Eros com as penas das galinhas que ela tinha lá no galinheiro da casa dela. Saímos as duas voando no terreno e fomos direto para a casa da avó da Joana. Pedimos para que o cúpido ficasse escondido para que mais ninguém o visse por ali.

Só que quando a gente saiu, o Paulinho chegou e viu em cima da toalha, a cesta com as flechas do cúpido que ele se esqueceu de pegar. E o quê fez o Paulinho? Saiu atirando aquelas flechas para o ar, até que uma acertou de cheio, bem no peito da Talita que vinha chegando para o nosso piquenique.

Quando voltamos com a nova asa do cúpido, encontramos a Talita correndo atrás do Paulinho em volta da árvore.

- Vem cá, Paulinho, me dá um beijo!
- Sai pra lá, Talita!
- Eu amo você! Vem, meu cabelinho de molinha!
- Para com isso, Talita.

Logo pensamos que o cúpido tinha aprontado alguma coisa.

- Seu anjo, pode sair do esconderijo agora! Gritei, chamando por ele.

O Eros saiu de trás de uns caixotes que tinham no fundo do terreno já avisando que não tinha nada a ver com aquilo.

- Eu não fiz nada! Foi ele que pegou as minhas flechas e começou a atirar para todos os lados e acabou acertando aquela menina. A Talita estava lá, com aquela cara de boba, olhando para o Paulinho e suspirando. Argh!!

- Seu cúpido, conseguimos arrumar a sua asa, agora você já pode espalhar o amor pelo mundo e deixar a gente fazer o nosso piquenique. Só que antes de ir embora, faz um favor de desfazer esse feitiço, porque não vai dar pra aguentar a Talita desse jeito, toda apaixonada pelo Paulinho!

Enquanto eu e a Joana conversávamos com o anjo, a Talita pegou o Paulinho distraído e o agarrou, e depois começou abraçar, beijar, o Paulinho tentava se soltar, mas não conseguia, quanto mais ele tentava se soltar, mais a Talita o agarrava.

- Olha só aquilo, Helena?
- Pode deixar que vou dar um jeito nisso.

Foi então que o anjo colocou a asa feita com penas de galinha pela avó de Joana, pelou sua cesta de flechas, subiu em cima da caramboleira e espalhou um pózinho sobre a cabeça de Talita e depois saiu voando, todo alegre.

- Ei, porque você tá me agarrando, Paulinho? Perguntou a Talita.
- Eu não! Era você que estava me agarrando, Talita!

A Talita se soltou de Paulinho e o empurrou com tanta força que ele caiu em cima da cesta do piquenique, espalhando todas as nossas coisas no chão. No final, nem acabamos fazendo piquenique nenhum, pois a Talita foi embora cheia de raiva do Paulinho, sem saber que tudo aquilo só aconteceu porque o amor caiu do céu!

domingo, 3 de fevereiro de 2019

A Bruxa do fim da rua


Sabe gente, é muito triste ficar velha. Andei pensando e acho que não quero ficar velha não! Não é porque eu sou uma criança que não posso pensar nisso. Posso sim! Ainda mais depois que o descobri uma história com uma pessoa bem velhinha. Vou contar tudo pra vocês.

No fim da rua da casa da Joana, tem um casarão. Bem grande mesmo! Ele é cheio de mato, tem os portões enferrujados, nem dá pra ver quem mora lá dentro. Só é bom porque tem uma árvore de acerola que cai pro lado da calçada e dá pra gente pegar umas de vez em quando. A Joana não gosta de acerola, mas, eu? Adoro!
                  
Os meninos falam que lá é casa de uma Bruxa. O Paulinho mesmo já confirmou.

- Cuidado, porque lá mora uma Bruxa!
- Mora nada, Paulinho!
- Não sei não, Helena. Mas eu tenho medo de entrar naquela casa.
- É verdade! Um dia entrei lá para pegar a bola que caiu no quintal e vi dois olhos me olhando pelo vidro quebrado da janela. Sai correndo.
- Logo você, Paulinho! O corajoso!
- Com Bruxa eu não brinco não!
- Quer saber? Eu vou lá visitar essa Bruxa!
- Não faz isso, Helena!
- Deixa ela, Joana! Quero ver essa branquela sair da casa da Bruxa, mais branca ainda.

Não dei bola pro que o Paulinho falou e fui decidida a conversar com a tal Bruxa do fim da rua. Paulinho e a Joana foram juntos comigo.

No portão, eles não quiseram entrar. Abri o portão bem devagar, mas não adiantou, fez um barulho igual aqueles que fazem quando abre uma porta nos filmes de Terror. Tava com medo, mas entrei.

Fui andando bem devagar, olhava para todos os lados, o meu medo aumentava. Vi dois olhos me olhando pelo vidro quebrado da janela. Tomei mais coragem e cheguei até a varanda.

- Sai daí, Helena! A Bruxa vai te pegar!
- Volta, Helena!

O Paulinho e a Joana ficavam me chamando de fora do portão, mas eu precisava ver se ali morava mesmo uma Bruxa.

- Será que a porta está aberta?

Coloquei a mão na maçaneta e abri a porta bem devagar.

- Quem está aí?
Uma voz bem fininha falou.

- É a Helena. Você é mesmo uma Bruxa?

De repente veio de dentro da cozinha da, uma velhinha, com um lenço na cabeça, um avental amarrado na cintura, óculos e deu um grande sorriso pra mim.

- Oi, Helena, seja bem-vinda!
- A senhora não é uma Bruxa?
- Sabe que eu não sei. Acho que sou sim.
- Então é melhor eu ir embora.
- Não, Helena. Fica!
- É que eu...
- Não tenha medo. Não sou nenhuma Bruxa. Foi só uma brincadeira.

Sentei no sofá e logo vieram uns três gatos pulando em cima de mim, mas a velhinha expulsou todo. Naquela hora eu já estava com muito medo.

- Espera um pouquinho que eu já volto.

Assim que a velhinha entrou, eu levante e comecei a andar devagar para fugir o mais rápido de lá. Quando cheguei na porta...

- Não vai, Helena! Faz companhia pra mim. Sou ta sozinha!

Então voltei ao sofá, com medo, juro! A velhinha passava a mão nos meus cabelos, me fazia carinho. Começou a me contar que ela tinha dois filhos, tinha quatro netos, mas que eles nunca vinham fazer uma visita para ela. Ela era muito triste. Coitada! Eu morro de saudade da minha avó que morreu. Será que os netos dela não sentem saudades dela?

Só sei que fiz muito bem em entrar naquele casarão. Dona Arminda, fez café com bolinho de chuva, com a minha avó fazia pra mim quando ia a casa dela. Passei a tarde toda ouvindo um monte de histórias legais que ela me contou.

Quando vi, já estava noite.

- Preciso ir, Dona Arminda! Obrigada pelo lanchinho!
- Você volta?
- Com certeza.

Ainda corri e dei um abraço bem apertado nela.

Quando saí, o Paulinho e a Joana ainda estavam me esperando no portão.

- Caramba, Helena! Como você demorou?
- Pensei que a Bruxa tinha te comido!
- Foi quase, Paulinho! Ainda bem que eu consegui fugir do caldeirão.

Fechei o portão e quando olhei para dentro, vi dois olhos sorrindo para mim pelo vidro da janela.

É, acho que ganhei uma nova avó! Ganhei, sim! Falando nisso, faz um tempão que não visitar a Dona Arminda. Quem sabe a Joana e o Paulinho não queiram ir comigo desta vez?