Gente,
essa história eu tinha que contar pra vocês. Uma história que nem aquelas dos
livros, e de verdade! Eu sei que tem gente que vai achar que foi tudo mentira,
mas eu juro que aconteceu tudo isso mesmo. Assim, do jeito que eu vou contar
pra vocês.
Na
semana passada, eu, a Joana, o Paulinho e Talita, fomos da praia com a mãe da
Joana. Uma praia um pouco longe de casa, nem tinha muita gente por lá. O
Paulinho como sempre, chutava aquela bola dela sobre os nossos castelinhos de
areia.
-
Você é muito chato, Paulinho! Falou a Talita
-
Deixa a gente, vai Paulinho. Disse a Joana
A
Talita, que é esquentada, jogou logo um monte de areia no Paulinho quanto ele
desmanchou o castelinho que ela estava fazendo. Eu e a Joana que tivemos que
separar, senão eles iam brigar de verdade.
Talita,
com raiva, foi sentar lá na beira d’água, tava com uma tromba desse tamanho. O
Paulinho foi pra a água levando a sua bola. Também depois da bronca que a mãe
da Joana deu em todo mundo, cada um quis ficar quieto no seu canto.
-
Vem brincar com a gente, Talita! Disse a Joana
-
Deixa, Joana, se ela não quer vir, deixa ela lá!
-
A Talita é muito esquentada.
-
E o Paulinho também só sabe provocar.
Continuei
com a Joana a fazer os nossos castelinhos, de repente, a gente olhou para o
mar, na frente da Talita surgiu uma fumaça que foi crescendo, crescendo,
crescendo, que nem dava mais para ver o mar. Sai correndo para água. Ninguém
enxergava nada.
Quando
a gente chegou aonde a Talita tava, tomou um grande susto. A fumaça não parava
de sair de dentro de uma garrafa que a Talita achou enterrada na areia.
-
Que isso, Talita?
-
Não sei, Helena! Eu tava cavando aqui, de repente achei essa garrafa, comecei a
esfregar, esfregar, ai começou a sair uma fumaça que não para.
O
Paulinho, que também viu a fumaça lá da água, veio de pressa para ver o que
era.
-
Que fumaça é aquela?
-
Tá saindo daquela garrafa que a Talita achou na areia. Disse a Joana.
-
Será que o gênio da lâmpada? Vibrou o Paulinho.
-
Que gênio da lâmpada! Só um cabeça oca que nem o Paulinho para achar que é um
gênio da lâmpada.
Não
demorou e a Talita e o Paulinho já estava se provocando. Toda vez é assim.
Nunca vi gente pra brigar tanto um com outro como a Talita e o Paulinho.
Enquanto
os dois ficavam se provocando, a fumaça baixou e na nossa frente apareceu um
homem alto, magro, com um turbante na cabeça, uma calça de palhaço e uma camisa
sem manga. Tinha uma voz de trovão.
-
Quem foi que me libertou?
A
gente olhou um para o outro, a Joana, como sempre, queria sair correndo, mas eu
segurei ela.
-
Olha aí, não falei? É um gênio da lâmpada.
-
Você é mesmo um gênio da lâmpada? Perguntei para ele.
-
Se ele é um gênio que tem direito a fazer os pedidos sou eu. Gritou a Talita.
-
Ei, vamos deixar o moço falar. Disse a Joana.
E
não era que aquele homem era mesmo um gênio? Só que não tava em nenhuma
lâmpada, tava era numa garrafa bem velha, viu? A Talita já foi logo empurrando
todo mundo para fazer os pedidos para o gênio.
-
Fui que tirei o senhor da garrafa, fui eu! Disse a Talita.
-
A ama tem direito a três pedidos. Mas só a três pedidos e nada mais.
-
E agora, nós somos quatro! Eu falei.
Mas
quem disse que a Talita estava pensando na gente. Ela acabou é nos arrumando
foi muita confusão, isso sim.
-
Pede sorvete, Talita! Um monte! Disse o Paulinho.
-
Senhor gênio, eu quero... Eu quero... Eu quero....
-
Pede logo o sorvete, Talita! Repetiu o Paulinho.
-
Eu quero que o senhor gênio suma com esse menino chato!
Puft!
O gênio estalou o dedo e o Paulinho sumiu na nossa frente.
-
Pronto, um a menos para dividir os pedidos. Disse a Talita.
-
Caramba, o Paulinho sumiu! Disse a Joana.
-
Por que você fez isso, Talita!
-
Aquele menino é muito chato.
-
Eu quero o meu primo de volta. Disse a Joana.
E
o gênio repetiu para Talita.
-
Minha ama tem mais dois pedidos.
-
Pede para o gênio trazer meu primo de volta.
Que
nada, a Talita tava lá se sentindo a poderosa, e pediu para o gênio um monte de
sorvete. Mas a gente não queria saber de sorvete. A gente queria o Paulinho de
volta. A Talita, nem aí. Sentou e começou a tomar os sorvetes todos.
O
pior foi quando a mãe da Joana chamou a gente para ir embora. Eu olhei pra
Joana, a Joana olhou pra mim. A gente ficou paralisada.
-
Joana, manda o Paulinho sair da água! Pediu a mãe da Joana.
Como
a gente ia fazer isso, se o gênio tinha sumido com o Paulinho. Foi então que a
gente foi conversar com o gênio para ele trazer o Paulinho de volta. Mas quem
disse que o gênio escutava a gente. Parecia surdo. Fica ali, no lado da Talita,
abanando ela com uma pena grande.
-
Aonde esse gênio arrumou essa pena? Fiquei eu pensando.
A
gente pedia para Talita pedir par o gênio devolver o Paulinho e ela nem aí,
enquanto não acabou com todo o sorvete que pediu, ela nem olhou pra gente.
-
Joana! Helena! Talita! Paulinho! Chamou a mãe da Joana.
-
Olha aí, Talita, minha mãe ta chamada a gente pra ir embora.
-
Pede para esse gênio trazer o Paulinho.
-
Tudo bem! Mas vocês vão ter de pedir para ele namorar comigo.
Eu
e a Joana olhamos uma para outra e não entendemos nada. Acho que muito sorvete
congelou o cérebro da Talita. Os dois vivem brigando. Mas, se é só isso que ela
quer para trazer o Paulinho de volta! Só que eu duvido que o Paulinho vai
querer namorar com Talita. Duvido! Mas a gente deu a nossa palavra e então a
Talita pediu ao gênio que, com estalar de dedos, trouxe o Paulinho de volta.
Depois
que o Paulinho apareceu, surgiu uma fumaça que foi aumentando, aumentando,
aumentando, e, de repente, sumiu, junto com gênio. Corri para ver se achava a
garrafa para fazer os meus pedidos, mas que nada, o mar já tinha levado a
garrafa embora.
Já
o Paulinho e a Talita, estão namorando sim, ninguém sabe disso, mas eles não
param de brigar nenhum instante. Eles devem se gostar mesmo, de verdade, pois
minha mãe falou que quanto mais a pessoa briga, mais a pessoa gosta. E eu acho
que isso é verdade, viu? Porque minha mãe gosta tanto de mim, que briga comigo
a todo o momento. “Helena, arruma o quarto!”... Helena, vai escovar os
dentes!”... “Helena, vou te deixar de castigo!”... Eu amo muito a minha mãe.