domingo, 8 de abril de 2018

O Tesouro do Pirata

Oi, gente! Outro dia eu fui à praia bem legal com a mãe do Paulinho; ficava em uma ilha. A praia era quase deserta. Fui eu, a Joana, o Paulinho, a mãe dele, o tio dele e uns amigos deles. Tivemos até de atravessar o mar em um barquinho pra chegar à praia da ilha no outro lado. Mas, como sempre, o Paulinho acabou colocando eu e a Joana na maior confusão. Vou contar tudo pra vocês. E não pensem que foi tudo mentira. Não foi, não, viu?
Assim que chegamos à praia fiquei assustada, não tinha ido à praia tão cheia. O tio da Paulinho e os amigos dele começaram a montar uma barraca pra gente ficar. A mãe do Paulinho cuidava de arrumar as coisas pra gente comer e beber, porque perto da nossa barraca não tinha nenhum restaurante, só uma barraca que vendia algumas coisas, poucas, mas tinha salgadinho e refrigerante. Menos mal. Paulinho foi logo dar um mergulho, enquanto eu e a Joana começamos a montar nosso castelinho.
A gente está se divertindo muito naquele dia. Fizemos até uma amizade com uma outra menina que também estava na praia. A Isabel. Ela nos ajudou a fazer um castelo bem grande, que o engraçadinho do Paulinho, como sempre, tratou de destruir com aquela sua bola. A gente quis matar o Paulinho. É sempre assim, toda vez que a gente vai da praia e faz um castelo, o Paulinho tem prazer de desmanchar tudo. A Isabel ficou muito brava com o Paulinho.
Como ficou sem graça na frente da Isabel, Paulinho resolveu pedir desculpa e nos chamou para dar uma volta na ilha.
– Onde vocês pensam que vão, hein? Disse a mãe de Paulinho.
– Vou só levar as meninas até as pedras, mãe.
– Nada de pular de cima das pedras, viu, Paulinho? Avisou o tio de Paulinho.
– Só vou mostrar um negócio para as meninas e já voltamos.
O Paulinho foi na frente, enquanto eu, a Joana e a Isabel fomos atrás. Lá na final da praia, tinha umas pedras bem grandes, e entre elas tinha um caminho que levava para uma outra praia. Quando atravessamos as pedras e chegamos na outra praia, não acreditamos no que vimos.
– Um navio pirata! Falou espantada a Isabel.
Eu logo pensei:  Lá vem confusão pela frente.
– Eu não vou entrar naquele navio de jeito nenhum.
– Está com medo, Helena?
– Se a Helena não for, eu também não vou. Disse a Joana.
O quê que aquele navio pirata velho, estava fazendo no meio da areia daquela praia? Não estava gostando nada daquilo.
– Esse navio já está aí faz tempo, Helena!  O meu tio me trouxe aqui uma vez pra me mostrar.
– Eu já vi. Agora a gente já pode voltar. Vamos voltar, meninas?
Eu não queria ficar ali, alguma coisa me dizia que não ia acabar bem. Mas o Paulinho convenceu a gente para dar uma olhadinha dentro no navio e depois voltar.
– Vamos? Só uma espiadinha! Quem sabe a gente não acha um tesouro?
Mesmo achando que não ia acabar bem aquela história, lá fomos nós atrás do Paulinho entrar naquele velho navio, caindo aos pedaços, sujo e cheio de bichos. O Paulinho entrou primeiro, depois a Joana, a Isabel e eu, que fiquei por último. Quando acabamos de entrar, a porta se fechou atrás da gente.
Quando olhamos para trás, um velho com um lenço amarrado na cabeça, com uma roupa rasgada, uma perna de pau, um papagaio velho pendurado no seu ombro, deu uma enorme gargalhada mostrando seus dentes de ouro. Eu e as meninas corremos pra trás do Paulinho, que tremia.
– O que vocês querem aqui no meu navio?
Ficamos todos mudos. A gente tava morrendo de medo para falar alguma coisa.
– Estão atrás do meu tesouro, né?
– Não, não, seu pirata! Disse o Paulinho tremendo.
O velho pirata tirou uma espada detrás da calça e a apontou para o Paulinho. O Paulinho, coitado, de marronzinho, ficou branco! O pirata deu uma outra gargalhada. Assustadora! A Isabel já estava até chorando. A Joana tentava acalmar ela e eu, tava muda feito estátua. O velho pirata ameaçava o Paulinho com a espada, enquanto Paulinho tremia todo.
– Nunca nenhuma criança ousou entrar no meu navio.
– A gente não sabia que o senhor estava aqui, seu pirata. Disse o Paulinho.
– Seu pirata, o senhor desculpa a gente. A gente não queria fazer nada. A gente precisa ir. Eu tentei convencer o pirata.
– É seu, pirata! Deixa a gente ir. A minha mãe teve ta preocupada com a gente. Disse Paulinho, mesmo com medo.
O velho pirata se sentou numa velha poltrona ao lado da porta da saída, pegou do lado dela uma garrafa, bebeu de uma vez só e depois deu outra gargalhada assustadora.
– Agora vocês são meus prisioneiros. E fiquem quietos, porque eu vou dar o meu cochilo. Quando eu acordar eu vejo o que faço com vocês!
Quando o pirata falou isso, a gente se apavorou. A Isabel que já estava mais calma, caiu no choro novamente e desta vez, eu e a Joana também. Paulinho tentava acalmar a gente. Não demorou muito e o velho pirata já roncava que nem um porco.
– Quero ver como você vai tirar a gente daqui, Paulinho? Eu sabia que a gente ia entrar numa confusão.
– Calma, Helena. Eu vou dar um jeito.
O velho pirata jogou sobre o seu corpo um cobertor velho e dormiu, mas colocou sua perna de pau atravessando a porta de saída. A gente não tinha como sair daquele jeito.
– Paulinho, você precisa tirar a gente daqui. Disse a Joana.
– Minha mãe deve tá preocupada. Disse a Isabel.
– Calma, meninas! Deixa eu pensar.
Foi quando eu vi uma corda jogada no chão no navio.
– Uma corda!
– Vamos amarrar o pirata na cadeira! Disse o Paulinho.
Com cuidado, a gente foi enrolando o velho pirata na velha poltrona. A Joana e a Isabel tiraram a perna de pau do pirata. Pronto. A porta da saída estava livre e o pirata dormia amarrado. Abrimos a porta com cuidado. A Isabel saiu logo correndo. A Joana foi logo atrás. O Paulinho se enfiou na minha frente e me deixou por último. Quando eu ia sair, a mão do pirata agarrou meu braço.
– Socorro! Socorro!!
– Calma, menina! Quero dar um presente pela coragem de vocês.
Ele soltou o meu braço, tirou do seu pescoço uma corrente de outro e colocou no meu. Tirou dos bolsos umas moedas de ouro e colocou na minha.
– Essas são para os seus amigos!
Sai correndo sem nem olhar pra trás, até me ralei toda para atravessar o caminho daquelas pedras. Quando cheguei do outro lado, não tinha ninguém me esperando. Olhei e já estava todo mundo desarmando a barraca.
– Corre, Helena! A gente precisa ir embora. Gritou a mãe do Paulinho.
Entrei no barco e não falei com ninguém. Também, bem feito pra eles. Eles me deixaram sozinha, problema deles. Fiquei com todo o tesouro do pirata.
Quando cheguei, mostrei para o meu pai e para minha mãe o tesouro que tinha ganhado do pirata.
Meu pai e minha mãe caíram na gargalhada. Parecia até a gargalhada o velho pirata.
– O que foi?
Meu pai foi até o quarto deles e voltou com uma caixinha. Quando ele abriu, lá tinha uma corrente igual a que eu ganhei do pirata e um montão de moedas iguais as minhas.
– Daqui, Helena. Daqui o seu tesouro pra guardar junto com o nosso.
Depois de levar o maior susto, o meu pai pegou o meu tesouro e guardou dentro da caixa dele e me contou que aquele navio, aquele pirata é tudo encenação para divertir que vai passear naquela ilha. Até hoje o Paulinho fala daquele pirata!

sábado, 24 de fevereiro de 2018

O acampamento

Essa história foi tão divertida que eu precisava contar pra vocês! Foi assim: O meu colégio marcou um super acampamento com as classes do terceiro e quarto ano, só que era um acampamento de um dia e dentro do pátio da escola. Chegamos à escola às sete horas da noite. Foi à maior bagunça!
– Joana, você trouxe o seu ursinho?
– Eu não!
– Ficou com vergonha?
– Eu não! Só não queria que ele ficasse sujo. E você, por acaso trouxe aquele seu sapo fedido?
– Claaaro que eu trouxe! Tá lá no fundo da minha mochila.
– Ei vocês duas! Não vão ajudar a montar as barracas, não? Disse o professor Arthur.
Professor Arthur dá aulas de teatro na nossa escola e foi nos ajudar no nosso acampamento. Com a ajuda de todo mundo, as barracas ficaram todas  montadas, num instante. A tia Rosa, da cantina, preparou um super macarrão gostoso numa panela que estava em cima de uma fogueira e a professora Marta, organizou tudo bem rapidinho.
– Eu quero ficar na barraca junto com a Joana!
– Tudo bem, Helena! Então numa barraca vão ficar você, a Joana, a Thalita e a Mariazinha!
– Ah não, professora!
– Por acaso você quer ficar com os meninos?
– Eu não!
– Então faça o favor de pegar sua mochila e seguir para sua barraca! As outras meninas já estão lá!
Droga! Sai emburrada. Não gostei nada de ter que ficar na barraca com a Thalita e a Mariazinha. Elas são umas pestes! Quando elas estão juntas, sempre aprontam. Mas pelo menos, a Joana também ia ficar na mesma barraca que eu.
Depois que todo mundo guardou suas coisas nas barracas, fomos comer o macarrão da tia Rosa. Macarrão com hambúrguer e refrigerante. Uma delícia! Quando acabou o jantar, fizemos uma roda em volta da fogueira e ficamos vendo o professor Arthur tocar violão.
– Joana, você viu a Thalita? Cochichei no ouvido da Joana.
– Ela falou que não queria ficar na fogueira, preferia ficar na barraca.
– E a Mariazinha?
– Disse que ia junto também.
Sane, não gostei nada daquilo! Eu tinha certeza que aquelas duas iam aprontar alguma coisa. Puxei a Joana e fui com ela direto para nossa barraca. Só que não tinha ninguém lá. Então nós resolvemos avisar os professores.
– Professora Marta, a Thalita e a Mariazinha não estão na barraca!
– Alguém viu a Thalita e a Mariazinha por aí? Gritou a professora.
– Não!! Gritou a turma toda.
A professora Marta ficou preocupada e colocou todo mundo para procurar as duas. Rodamos o colégio inteiro e nada de encontrar nenhuma das duas. Os professores começaram a ficar muito nervosos. Mas eu sabia que as duas deviam estar aprontar alguma coisa
– Você vai ver, Joana, tenho certeza que elas aprontaram alguma coisa!
– E se aconteceu alguma coisa com elas?
Aquelas duas tinham que estragar o nosso acampamento! De repente, o professor Arthur apareceu trazendo o meu sapo fedido pela mão e segurando o nariz com o dedo e disse:
– De quem é esse gambá?
– É meu, professor! Mas não é gambá, não. É o meu sapo fedido.
– Então isso vai ficar confiscado lá no banheiro, ouviu Helena?
– Ah não, professor! É só não apertar a barriga dele que não tem problema!
– Você devia ter avisado as suas amigas sobre isso!
– Encontrou as meninas, professor? Perguntou a professora Marta.
A Thalita e a Mariazinha pegaram o meu sapo pra me provocar, só que ficaram puxando pra ver quem ficava com ele e acabaram rasgando ele todo. Acontece que dentro do meu sapo tem um pó que imita o cheiro de chulé e quando elas rasgaram, o pó caiu em cima do pijama das duas. Elas ficaram num fedor só. Bem feito! Quiseram aprontar comigo, se deram mal.
Foi por isso que elas sumiram e se esconderam. Quando chegaram de volta no pátio, as turmas todas morreram de rir das duas. E o pior. Elas tiveram que dormir dentro da escola e perderam o melhor do nosso acampamento. Eu e a Joana fizemos a maior bagunça, a noite toda, dentro da nossa barraca.
Mas, apesar da raiva por elas terem rasgado o meu sapo de estimação, não consigo esquecer a cara das duas cheias de vergonha do fedor que estavam.
Depois disso, a Thalita parou de vez de encrencar com todo mundo. Aliás, ela e a Mariazinha faltaram uns dois dias na escola, de tanta vergonha que ficaram.
Ah, eu ganhei um sapo novo da mãe da Thalita. E sabem o quê mais? Ele é mais fedido ainda!