Sabe
gente, é muito triste ficar velha. Andei pensando e acho que não quero ficar
velha não! Não é porque eu sou uma criança que não posso pensar nisso. Posso
sim! Ainda mais depois que o descobri uma história com uma pessoa bem velhinha.
Vou contar tudo pra vocês.
No
fim da rua da casa da Joana, tem um casarão. Bem grande mesmo! Ele é cheio de
mato, tem os portões enferrujados, nem dá pra ver quem mora lá dentro. Só é bom
porque tem uma árvore de acerola que cai pro lado da calçada e dá pra gente
pegar umas de vez em quando. A Joana não gosta de acerola, mas, eu? Adoro!
Os
meninos falam que lá é casa de uma Bruxa. O Paulinho mesmo já confirmou.
-
Cuidado, porque lá mora uma Bruxa!
-
Mora nada, Paulinho!
-
Não sei não, Helena. Mas eu tenho medo de entrar naquela casa.
-
É verdade! Um dia entrei lá para pegar a bola que caiu no quintal e vi dois
olhos me olhando pelo vidro quebrado da janela. Sai correndo.
-
Logo você, Paulinho! O corajoso!
-
Com Bruxa eu não brinco não!
-
Quer saber? Eu vou lá visitar essa Bruxa!
-
Não faz isso, Helena!
-
Deixa ela, Joana! Quero ver essa branquela sair da casa da Bruxa, mais branca
ainda.
Não
dei bola pro que o Paulinho falou e fui decidida a conversar com a tal Bruxa do
fim da rua. Paulinho e a Joana foram juntos comigo.
No
portão, eles não quiseram entrar. Abri o portão bem devagar, mas não adiantou,
fez um barulho igual aqueles que fazem quando abre uma porta nos filmes de
Terror. Tava com medo, mas entrei.
Fui
andando bem devagar, olhava para todos os lados, o meu medo aumentava. Vi dois
olhos me olhando pelo vidro quebrado da janela. Tomei mais coragem e cheguei
até a varanda.
-
Sai daí, Helena! A Bruxa vai te pegar!
-
Volta, Helena!
O
Paulinho e a Joana ficavam me chamando de fora do portão, mas eu precisava ver
se ali morava mesmo uma Bruxa.
-
Será que a porta está aberta?
Coloquei
a mão na maçaneta e abri a porta bem devagar.
-
Quem está aí?
Uma
voz bem fininha falou.
-
É a Helena. Você é mesmo uma Bruxa?
De
repente veio de dentro da cozinha da, uma velhinha, com um lenço na cabeça, um
avental amarrado na cintura, óculos e deu um grande sorriso pra mim.
-
Oi, Helena, seja bem-vinda!
-
A senhora não é uma Bruxa?
-
Sabe que eu não sei. Acho que sou sim.
-
Então é melhor eu ir embora.
-
Não, Helena. Fica!
-
É que eu...
-
Não tenha medo. Não sou nenhuma Bruxa. Foi só uma brincadeira.
Sentei
no sofá e logo vieram uns três gatos pulando em cima de mim, mas a velhinha
expulsou todo. Naquela hora eu já estava com muito medo.
-
Espera um pouquinho que eu já volto.
Assim
que a velhinha entrou, eu levante e comecei a andar devagar para fugir o mais
rápido de lá. Quando cheguei na porta...
-
Não vai, Helena! Faz companhia pra mim. Sou ta sozinha!
Então
voltei ao sofá, com medo, juro! A velhinha passava a mão nos meus cabelos, me
fazia carinho. Começou a me contar que ela tinha dois filhos, tinha quatro
netos, mas que eles nunca vinham fazer uma visita para ela. Ela era muito
triste. Coitada! Eu morro de saudade da minha avó que morreu. Será que os netos
dela não sentem saudades dela?
Só
sei que fiz muito bem em entrar naquele casarão. Dona Arminda, fez café com
bolinho de chuva, com a minha avó fazia pra mim quando ia a casa dela. Passei a
tarde toda ouvindo um monte de histórias legais que ela me contou.
Quando
vi, já estava noite.
-
Preciso ir, Dona Arminda! Obrigada pelo lanchinho!
-
Você volta?
-
Com certeza.
Ainda
corri e dei um abraço bem apertado nela.
Quando
saí, o Paulinho e a Joana ainda estavam me esperando no portão.
-
Caramba, Helena! Como você demorou?
-
Pensei que a Bruxa tinha te comido!
-
Foi quase, Paulinho! Ainda bem que eu consegui fugir do caldeirão.
Fechei
o portão e quando olhei para dentro, vi dois olhos sorrindo para mim pelo vidro
da janela.
É,
acho que ganhei uma nova avó! Ganhei, sim! Falando nisso, faz um tempão que não
visitar a Dona Arminda. Quem sabe a Joana e o Paulinho não queiram ir comigo
desta vez?
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